Óscar Rocha é natural do Corvo e chegou à presidência do Santa Clara. O cargo que ocupa é interino mas mesmo assim obrigou a muitas alterações no seu dia-a-dia.
Não é todos os dias que um habitante natural da ilha do Corvo chega à presidência do Santa Clara e neste particular Óscar Rocha terá sido a primeira pessoa oriunda da mais pequena ilha dos Açores a presidir ao clube com maior projecção desportiva no arquipélago.
Com 52 anos de idade e uma vida onde já desempenhou diversas funções – é licenciado em Organização e Gestão de Empresas, já foi professor, jornalista e assessor na antiga secretária regional das Finanças, entre outras, sendo actualmente o coordenador do Núcleo de São Miguel do Serviço Regional de Estatística dos Açores – Óscar Rocha está ligado ao Santa Clara há sensivelmente vinte anos.
Começou, em 1991, como vice-presidente para o futebol mas foi no hóquei em patins que conheceu os maiores sucessos – a primeira subida à II divisão nacional registada em 2004 aconteceu sob a sua coordenação e regressou em 2009 para assegurar a continuidade da modalidade que atravessava período conturbado.
É também membro do Conselho Santaclarense e esse cargo terá contribuído para a sua nomeação, a 1 de Junho de 2010, para presidente da Comissão de Gestão que rendeu a demissionária Direcção. O mandato termina em Dezembro e já decidiu que não vai candidatar-se ao acto eleitoral. Mas estes seis meses na presidência são suficientes para colocar o Corvo no mapa desportivo nacional.
Óscar Rocha considera que esta tem sido uma experiência «tão rica quanto desgastante» e quando aceitou o convite «mediante as condições que entendi colocar» propôs a si próprio um desafio: «ser eu mesmo em todas as vertentes de actuação, apesar do prazo para o desempenho deste cargo ter uma curta duração».
O mais difícil foi convencer a esposa de que iria regressar ao clube até porque já se tinha afastado do futebol. O silêncio da mulher disse muita coisa. «O que me disse a minha mulher quando fui nomeado presidente? Disse-me muito pouco. Mas até não precisa de me ter dito nada já que, sentado à mesa de um restaurante no Algarve, o seu olhar (presumo que... de não aprovação) disse-me tudo. Há silêncios que falam muito alto…!»
A trabalhar em regime de transição e apesar do mandato ser curto, a presidência mexeu com as suas rotinas e obrigou a redobrados esforços. «As funções que desempenho, apesar de ser por um período máximo de seis meses, mexeram – e que de maneira – com as minhas rotinas e com as dos meus familiares mais próximos, nomeadamente no que respeita a férias, falta de tempo para privar com a família e o ter de me desdobrar diariamente para conciliar os afazeres profissionais com a vida do clube, que se debate com problemas que carecem de urgente resolução».
Tudo normal na actividade diária de um presidente. O que não é muito habitual, refere Óscar Rocha em tom crítico, é haver «uma ou outra pessoa que para trepar e/ou manter-se no topo da hierarquia do seu serviço, tudo faz para prejudicar uma instituição, actuando de forma arrogante, com má-fé, e desprovida de qualquer sentido de bom-senso», atirou.
Talvez seja por estes aspectos e outros que o presidente se considera um homem em evolução, sempre aberto a novas aprendizagens. A presidência no clube tem-lhe trazido novos ensinamentos. «Actuar em várias frentes, analisar e decidir sobre vários dossiers, em que tudo isso requer uma aprendizagem tão rápida quanto exige decisões racionais, céleres e responsáveis, tem sido uma tarefa diária muito absorvente», disse.
Um mandato de seis meses é curto para deixar uma marca, principalmente no que toca a pensar a longo prazo. Se fosse eleito presidente o que Óscar Rocha gostaria de fazer? «Colocaria a questão noutros termos, ou seja: o que gostaria que o próximo presidente do Santa Clara fizesse? Gostaria que desse continuidade ao trabalho que tem vindo a ser feito, com realismo – isto é, de uma forma racional e responsável – com firmeza e defendendo valores e princípios com os quais me identifico, continuando a levar bem longe o nome do clube e da Região».
Acácio Mateus