As cirurgias cresceram 70% em Inglaterra em 2008, só no Serviço Nacional de Saúde. Especialista diz que em Portugal também há cada vez mais procura.
C. ainda não tinha 10 anos e já se sentia desconfortável dentro de uns jeans apertados. No balneário olhava para as outras raparigas no chuveiro e pensava: "Elas não têm o que eu tenho." Anos mais tarde, um parceiro sexual falou-lhe nisso, em jeito de insulto. "Ele era um idiota, mas eu sabia que o que tinha não era a norma. Só queria ser capaz de estar com alguém na intimidade sem me preocupar com isso." Aos 30 decidiu que estava na altura de resolver o problema, consultou um cirurgião plástico e fez uma labioplastia: de repente, e com 3300 euros, os pequenos lábios genitais - que achava desproporcionais e a envergonhavam no momento de se mostrar nua - tinham adquirido o aspecto "normal". "Foi um peso que tirei da minha cabeça", contou C. ao "The Guardian".
Um estudo publicado na Revista Britânica de Obstetrícia e Ginecologia revela que as labioplastias aumentaram 70% em Inglaterra no ano passado. Os números referem-se a cirurgias feitas no Serviço Nacional de Saúde: 1118 em 2008, em comparação com 669 em 2007. No sector privado, os números devem disparar. Só o grupo médico Surgicare disse que os pedidos aumentaram sete vezes em três anos. Em Portugal, embora a Sociedade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, não divulgue números, os especialistas dizem que o cenário é idêntico. "Antes nem se ouvia falar disso nem se sabia o que era. Agora sinto que há cada vez mais mulheres de todas as idades a procurar esse tipo de cirurgias", diz o cirurgião plástico João Anacleto. Em Portugal, mudar o aspecto da vagina está à distância de um valor de 3 a 4 mil euros.
O procedimento mais comum é a labioplastia redutora, que consiste na reconstrução dos pequenos lábios quando são demasiado grandes, assimétricos ou quando, simplesmente, a mulher não gosta deles por alguma razão. O cenário é conhecido entre cirurgiões como "pequenos lábios em asas de morcego". Mas há ainda a labioplastia de aumento, para dar um aspecto mais jovem aos lábios exteriores, através da injecção de gordura retirada da paciente ou ácido hialurónico. João Anacleto sublinha, no entanto, que há cirurgias à medida de cada problema. "Basta explicar o que se quer e o médico logo vê se é exequível."
Os dados ingleses mostram que a estética é a principal impulsionadora destas cirurgias. João Anacleto prefere falar de "razões estéticas" e "razões funcionais": "Há mulheres que se queixam de incómodo físico. Se os pequenos lábios são muito grandes, podem sentir-se não só desconfortáveis com a sua imagem íntima, mas também ao usar calças justas ou durante as relações sexuais." Além do desejo de órgãos genitais mais atraentes e do desconforto, as malformações congénitas ou as sequelas de lesões ou partos que tenham alterado a anatomia da vagina também podem motivar a procura de uma cirurgia estética vaginal.
Os investigadores da University College London estudaram até que ponto as mulheres que se submetiam a estas cirurgias estavam informadas sobre os riscos que envolviam e concluíram que não só tinham um grande défice de informação sobre implicações futuras da operação como se sabia muito pouco sobre os seus efeitos a longo prazo - embora a labioplastia seja uma técnica com 30 anos.
Os especialistas ingleses mencionados no estudo falam de riscos como a perda de sensibilidade nos genitais ou da necessidade de recorrer a cesariana em caso de gravidez. João Anacleto discorda: "Nem pensar. As mulheres que recorrem a labioplastia podem ter uma vida sexual normalíssima e ter filhos por parto natural. É uma cirurgia simples, que origina uma ferida que cicatriza depressa." Como em qualquer cirurgia, não podem ser descartadas hipóteses de infecção, por exemplo, mas o cirurgião realça que, desde que os procedimentos sejam os correctos, os riscos são mínimos. "Nem sequer se podem apontar prazos para a retoma da vida sexual. É altamente individual. Algumas podem precisar de um mês, outras apenas de dias."
C. ainda não tinha 10 anos e já se sentia desconfortável dentro de uns jeans apertados. No balneário olhava para as outras raparigas no chuveiro e pensava: "Elas não têm o que eu tenho." Anos mais tarde, um parceiro sexual falou-lhe nisso, em jeito de insulto. "Ele era um idiota, mas eu sabia que o que tinha não era a norma. Só queria ser capaz de estar com alguém na intimidade sem me preocupar com isso." Aos 30 decidiu que estava na altura de resolver o problema, consultou um cirurgião plástico e fez uma labioplastia: de repente, e com 3300 euros, os pequenos lábios genitais - que achava desproporcionais e a envergonhavam no momento de se mostrar nua - tinham adquirido o aspecto "normal". "Foi um peso que tirei da minha cabeça", contou C. ao "The Guardian".
Um estudo publicado na Revista Britânica de Obstetrícia e Ginecologia revela que as labioplastias aumentaram 70% em Inglaterra no ano passado. Os números referem-se a cirurgias feitas no Serviço Nacional de Saúde: 1118 em 2008, em comparação com 669 em 2007. No sector privado, os números devem disparar. Só o grupo médico Surgicare disse que os pedidos aumentaram sete vezes em três anos. Em Portugal, embora a Sociedade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, não divulgue números, os especialistas dizem que o cenário é idêntico. "Antes nem se ouvia falar disso nem se sabia o que era. Agora sinto que há cada vez mais mulheres de todas as idades a procurar esse tipo de cirurgias", diz o cirurgião plástico João Anacleto. Em Portugal, mudar o aspecto da vagina está à distância de um valor de 3 a 4 mil euros.
O procedimento mais comum é a labioplastia redutora, que consiste na reconstrução dos pequenos lábios quando são demasiado grandes, assimétricos ou quando, simplesmente, a mulher não gosta deles por alguma razão. O cenário é conhecido entre cirurgiões como "pequenos lábios em asas de morcego". Mas há ainda a labioplastia de aumento, para dar um aspecto mais jovem aos lábios exteriores, através da injecção de gordura retirada da paciente ou ácido hialurónico. João Anacleto sublinha, no entanto, que há cirurgias à medida de cada problema. "Basta explicar o que se quer e o médico logo vê se é exequível."
Os dados ingleses mostram que a estética é a principal impulsionadora destas cirurgias. João Anacleto prefere falar de "razões estéticas" e "razões funcionais": "Há mulheres que se queixam de incómodo físico. Se os pequenos lábios são muito grandes, podem sentir-se não só desconfortáveis com a sua imagem íntima, mas também ao usar calças justas ou durante as relações sexuais." Além do desejo de órgãos genitais mais atraentes e do desconforto, as malformações congénitas ou as sequelas de lesões ou partos que tenham alterado a anatomia da vagina também podem motivar a procura de uma cirurgia estética vaginal.
Os investigadores da University College London estudaram até que ponto as mulheres que se submetiam a estas cirurgias estavam informadas sobre os riscos que envolviam e concluíram que não só tinham um grande défice de informação sobre implicações futuras da operação como se sabia muito pouco sobre os seus efeitos a longo prazo - embora a labioplastia seja uma técnica com 30 anos.
Os especialistas ingleses mencionados no estudo falam de riscos como a perda de sensibilidade nos genitais ou da necessidade de recorrer a cesariana em caso de gravidez. João Anacleto discorda: "Nem pensar. As mulheres que recorrem a labioplastia podem ter uma vida sexual normalíssima e ter filhos por parto natural. É uma cirurgia simples, que origina uma ferida que cicatriza depressa." Como em qualquer cirurgia, não podem ser descartadas hipóteses de infecção, por exemplo, mas o cirurgião realça que, desde que os procedimentos sejam os correctos, os riscos são mínimos. "Nem sequer se podem apontar prazos para a retoma da vida sexual. É altamente individual. Algumas podem precisar de um mês, outras apenas de dias."
in i.pt
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