terça-feira, 28 de abril de 2009

Aldeia da Pena


"A aldeia da Pena é uma daquelas aldeias ditas “Históricas” que as entidades responsáveis souberam preservar e projectar nos roteiros turísticos de Verão. Por isso, quando a canícula se vai, a maioria dos turistas vai com ela deixando a aldeia entregue às suas lides de sempre, que é como quem diz mergulhada numa paz profunda e sonolenta, quebrada apenas pelo ocasional caminhar arrastado de algum dos seus oito habitantes.
Uma mão cheia de casas em xisto com telhados negros cor de fuligem, aninhadas no regaço apertado da cova do monte e envoltas por leiras de lameiros, hortas e bosques de carvalhos (Quercus pyrenaica e Quercus faginea) e castanheiros (Castanea sativa), eis a imagem que pode descrever, à primeira vista, a aldeia da Pena. Contudo, há mais. Há as gentes, que hoje são poucas, mas que há trinta anos eram “umas cinquenta”, conta o Sr. Agostinho, o ancião da aldeia. Da população do passado, que era a riqueza e a razão de ser da aldeia, hoje pouco resta para além das histórias, das amarguras, das alegrias e das memórias dignas de figurarem num compêndio de sabedoria popular. Hoje, já quase não se ouvem vozes nem risos. O cacarejar ocasional de uma galinha, o mugido próximo de uma vaca, talvez. Mas as vozes, só se forem as dos turistas no Verão, porque os aldeões, esses, velhos como as casas que habitam, esquecidos como o vale fundo e escondido que os abrigou da serpente, que a lenda conta tê-los martirizado, há muito que deixaram de se fazer ouvir. Até o sino da minúscula capela da aldeia, já só raramente ecoa pelo vale. Passear pelas ruelas estreitas e pedregosas da aldeia disposta em socalcos ao longo do pequeno Ribeiro de Pena, é um mergulho no passado. Se exceptuarmos a energia eléctrica que aqui chegou na década de setenta e cujos cabos ondulam mortiços sobre as ruas, então talvez a imagem actual da aldeia fosse igual à de então: isolada, auto-suficiente, bela mas amargurada pela árdua labuta da terra, pela penúria e até pela fome. Ontem, como hoje, a vida na Pena é feita de trabalho e esperança. Trabalho para manter o corpo são e esperança para encarar o futuro."
Foi nesta aldeia que nasceu a lenda de que o morto matou o vivo, existe mesmo um caminho que ao qual foi dado esse mesmo nome, caminho onde o morto matou o vivo. Então, conta a lenda, que não havia cemitério na aldeia e os mortos tinham que ser levados para uma uma aldeia próxima por um caminho estreito, sinuoso e muito acidentado . Quando tentavam fazer essa tarefa, um grupo de homens terá perdido o controlo do caixão e este terá caído do alto do precipício com um dos homens e caído em cima deste, acabando com a vida do pobre coitado.
Uma aldeia a visitar!

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