"Ao início da tarde desta segunda-feira, a aterragem do avião no aeródromo do Corvo significava que a partida de dois jovens corvinos rumo à ilha Terceira iria acontecer dentro de escassos minutos. Não seria mais uma viagem de férias ou de lazer, mas sim uma deslocação de vários meses, longe do conforto do lar e do aconchego da família, para dar continuidade a uma missão: estudar e construir um futuro. Um desígnio a que sempre estiveram e ainda estão sujeitos os jovens estudantes da mais pequena ilha do arquipélago. E ainda que não fosse a primeira vez, Hugo Andrade e Pedro Estêvão não escondiam a tristeza de deixar para trás a família e os amigos.“Sair do Corvo custa sempre mas tem mesmo de ser e não tarda nada estão aí as férias do Natal”, desabafava Pedro Estêvão, enquanto João, o irmão mais novo, o seguia de olhar cabisbaixo, denotando a sua tristeza de mais uma despedida. “O meu irmão vai embora e o pai também viajava algumas vezes. Assim, sou só eu e a minha mãe em casa”, justificava. Mais velho e também mais habituado a estas partidas, Hugo Andrade já encara a situação como “mais um até logo”. “Quando terminei o 9º ano sabia que era isto que me esperava se quisesse continuar a estudar. Ao início é muito complicado mas depois acabamos por nos habituar”, confessa. Ainda assim, não esconde que “estar por conta própria” traz muitas responsabilidades. “Como te desenrascas sem os cozinhados da mamã?”, foi uma das questões do AO que, como resposta, teve apenas um sorriso maroto, como se pretendesse ocultar alguma situação embaraçosa. Mas depois lá veio um “Nós arranjamos solução!”. Terminado o 12º ano no ensino profissional na área da informática, Hugo Andrade já poucas esperanças conserva de voltar para a sua terra natal. Para já, está apostado em fazer o estágio profissional na ilha Terceira. Aida Andrade, a mãe, que também já aprendeu a lidar com as idas frequentes ao aeródromo para deixar os filhos, não faz qualquer reserva quanto às expectativas do jovem, embora o coração “esteja sempre apertado”. “Por muito que me custe a distância e as saudades, tenho a noção de que as oportunidades aqui no Corvo são muito reduzidas e que ele têm de procurar o melhor para o seu futuro”, assegura. Quem também já pensa no futuro são Filipe Rosa e Jorge Lima, os dois alunos da turma do 9º ano que o AO foi encontrar no átrio da Escola Básica e Integrada Mouzinho da Silveira. “Agora que cheguei ao último ano em que é possível estudar no Corvo, já começo a imaginar como será”, assume . “Qualquer jovem que viva no Corvo sabe, desde muito cedo, que é isso que o espera. Por isso, acho que vamo-nos mentalizando para isso”, acrescenta Jorge. Mas nem só de partidas se fazem as histórias que por estes dias passam pelo aeródromo do Corvo. Partem os jovens estudantes mas chegam os professores. Catarina Ferreira, professora de Ciências, por exemplo, veio de Viana do Castelo e confessa que o Corvo não foi a sua primeira opção. Casada de fresco, viu-se sujeita a rumar aos Açores. Diz que ainda está a habituar-se à realidade da vida na mais pequena ilha do arquipélago e à própria escola. “O ano passado estive na Terceira mas esta é uma experiência completamente nova. O ensino, por força do número de alunos, é muito mais individualizado e o nosso apego e interacção com os miúdos é muito maior”, indica. Sara Santos, professora de História, é um caso diferente pois colocou a escola do Corvo no topo das preferências:“É o meu segundo ano no Corvo. Gostei muito da experiência, não só ao nível do meio escolar, mas também da envolvência com a população, a amizade que aqui se cria. Isto para não falar da beleza e tranquilidade desta ilha”."
In Açoriano Oriental
Sinceramente, a mim custa-me muito...
ResponderEliminarÉ realmente uma pena o Corvo não possuir ensino secundário, não só pensando em mim mas no Corvo também, pois quem sai para outra ilha para estudar, raramente, ou poucas vezes, regressa ao Corvo para ir trabalhar...
Acho que devíamos pensar 2 vezes neste assunto e ver o que é melhor para a ilha!
Cumps
;)